
No mês de maio, corações se unem em torno de uma celebração especial: o Dia das Mães. Para muitos, a data evoca imagens de presentes, almoços em família e homenagens carinhosas. Contudo, por trás dessa atmosfera festiva, reside uma história rica e profunda, que mergulha nas raízes de antigas culturas e na própria essência da fertilidade e da vida. Longe de ser apenas uma invenção comercial moderna, o Dia das Mães ecoa tradições milenares que reverenciavam a figura materna em suas mais diversas formas.
Da Primavera à Deusa Mãe: Uma Conexão Ancestral

Feiticeira da Primavera” de Karl Bang
Deusa Maia
Para compreendermos a gênese do Dia das Mães, precisamos viajar no tempo, até a Grécia Antiga. Lá, em meio ao despertar da primavera no hemisfério norte – um período de renovação e florescimento que contrasta com o nosso outono – encontramos as primeiras manifestações de homenagem às mães. O próprio nome do mês de maio carrega consigo essa ligação, derivado de Maia, uma ninfa da mitologia grega cujo nome carinhosamente significava “mamãe” ou “mãezinha”.
Maia não era uma figura qualquer; ela representava a fertilidade e a nutrição, qualidades intrinsecamente ligadas à maternidade. Mais do que isso, os gregos cultuavam Reia, a poderosa mãe de todos os deuses do Olimpo, esposa de Cronos, o deus do tempo. As celebrações em honra a Reia aconteciam justamente no mês de maio, estabelecendo um elo ancestral entre a maternidade e este período do ano.

Deusa Reia
A tradição grega floresceu e encontrou eco na Roma Antiga. Os romanos também reverenciavam uma deusa mãe, Cibele, a “Mãe de todos os seres”. Assim como Reia, Cibele personificava a fertilidade e a proteção, reforçando a centralidade da figura materna nas crenças e rituais da época.

Deusa Cibele
A Adaptação Cristã e a Continuidade da Devoção
Com o advento do cristianismo e sua gradual ascensão no mundo romano, as celebrações pagãs foram, em muitos casos, ressignificadas e integradas à nova fé. O mês de maio, já consagrado às homenagens às figuras maternas e à fertilidade, passou a ser associado à Virgem Maria, a mãe de Jesus Cristo. A pureza, o amor incondicional e a dedicação de Maria ressoavam com os atributos venerados nas deusas mães das culturas anteriores, garantindo uma continuidade na devoção à figura materna, agora sob uma nova perspectiva religiosa.

Virgem Maria
A Oficialização Moderna: Um Reconhecimento Formal
Embora as raízes da celebração das mães sejam profundas e antigas, a formalização do Dia das Mães como o conhecemos hoje é relativamente recente. No Brasil, a data foi oficializada em 1932, por Getúlio Vargas, fixando o segundo domingo de maio como o dia dedicado a homenagear as mães brasileiras. Nos Estados Unidos, o reconhecimento oficial ocorreu um pouco antes, em 1914, pelo presidente Woodrow Wilson, também estabelecendo o segundo domingo de maio como o Dia das Mães.

Além do Comércio: Celebrando a Essência da Maternidade
É inegável que o Dia das Mães se tornou uma data importante para o comércio. No entanto, reduzir a celebração a essa dimensão seria ignorar a sua rica história e o profundo significado que ela carrega. O Dia das Mães é uma oportunidade de reconhecer e valorizar o papel fundamental que as mães desempenham em nossas vidas e na sociedade como um todo. É um momento para expressar gratidão, amor e apreço por aquelas que nos deram a vida, nos nutriram e nos guiaram em nossa jornada.
Ao compreendermos as raízes históricas e culturais do Dia das Mães, transcendemos a superficialidade da data comercial e nos conectamos com uma tradição milenar de reverência à maternidade. Que neste mês de maio, possamos celebrar não apenas com presentes e festejos, mas com a profunda consciência do legado de amor e cuidado que as mães representam em todas as épocas e culturas. Afinal, a celebração das mães é, em sua essência, uma celebração da própria vida e de suas mais preciosas origens.
Fonte: mythologysource.com/rhea-greek-goddess
vistagrandevilla.com
www.catholic.org
wikipedia.org/wiki/Cybele