Introdução: A Jornada de Conhecimento com Raízes do
A busca por conhecimento autêntico nas religiões de matriz africana é uma jornada contínua e essencial. Neste artigo, compilamos os ensinamentos da live “Eu Quero Saber com Marcelo Alban”, uma iniciativa da Rádio Raízes do Culto, que teve a honrosa participação de Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde, o Araba de Otta, Reino Awori. Nascido e criado na antiga cidade de Otta, ele é filho do falecido Fasola Ifagbemi (Baba Onifa), da família Iga Ilugba, no bairro de Ijana, e também da Iga Itusi, em Ilogbo Asowo Otta. Sua presença elevou o debate, tornando-o uma fonte inestimável de sabedoria e tradição.
Este material visa ser uma fonte de estudo para todos que desejam compreender a fundo o Orixá Obaluaiyê (ou Obaluaê), o grande senhor da Terra, da cura e dos mistérios da vida e da morte, abordando sua essência, seu culto correto e desmistificando concepções equivocadas no Brasil.

Obaluaye é um Orisa muito poderoso. Ele é o Rei da Terra e é muito importante respeitá-lo, pois está ligado à varíola e às doenças quando está insatisfeito, mas também tem a capacidade de purificar e remover doenças. Ele também é capaz de curar pessoas que estão muito próximas da morte. Ele é um guerreiro por direito próprio. Ele usa sua vassoura para purificar a terra e as doenças, entre outras ferramentas sagradas.
1. A Essência de Obaluaiyê: Senhor da Terra, Doença e Cura
Obaluaiyê é uma das divindades mais respeitadas e, por vezes, temidas do panteão Yorubá. Sua ligação com a terra e, consequentemente, com as doenças e a cura, é intrínseca.
- Dominador da Doença e da Cura: Embora associado às enfermidades, Obaluaiyê é, acima de tudo, o detentor do poder de curar. Ele é aquele que vivenciou as mazelas e, por isso, tem a autoridade para afastá-las. Como mencionado na live, ele caminha com a doença, mas também possui o poder de cessá-la, sendo o senhor que, em última instância, tira a morte.
- Posição Ancestral: O Mestre Marcelo Alban enfatiza que Obaluaiyê é um Orixá mais antigo que Xangô, ocupando uma posição de grande ancestralidade e sabedoria. Ele é reconhecido como um dos Orixás mais velhos no panteão.
- Família e Qualidades: Obaluaiyê possui irmãos que se tornaram suas “qualidades”, ou seja, diferentes manifestações ou aspectos do mesmo Orixá. Isso ressalta a complexidade e a profundidade de sua divindade, que não se resume a uma única forma de manifestação.
2. O Nome, a Saudação e o Respeito ao Orixá
A forma como Obaluaiyê é invocado e saudado é crucial para uma relação respeitosa e benéfica.
- A Importância da Pronúncia Correta: O Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde ressalta que pronunciar o nome de Obaluaiyê no Brasil de forma inadequada é como chamar um amigo comum, sem o devido respeito à sua divindade. Ele afirma: “Você tem que pronunciar o nome dele com cuidado e fazer a saudação para que ele não venha agressivo”. A saudação “Atotô!” é fundamental, pois sem ela, Obaluaiyê pode se manifestar de forma irritada e trazer consequências negativas.
- A Presença Ubíqua de Obaluaiyê: O Orixá “anda no ar, ele anda onde o ar está presente”, o que significa que sua energia está em toda parte, exigindo constante reverência e cuidado.
3. Desmistificando a Veste de Obaluaiyê: Além da Palha no Brasil

Uma das discussões mais esclarecedoras na live diz respeito à vestimenta de Obaluaiyê, que muitas vezes é mal interpretada no culto brasileiro.
- A Veste Original na Nigéria: O Mestre Marcelo Alban e o Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde explicam que, na cultura Yorubá na Nigéria, Obaluaiyê usa a palha da costa (azê), mas essa palha é tradicionalmente coberta por um pano vermelho. Eles esclarecem que na Nigéria, o assentamento de Obaluaiyê (conhecido como “almoxarife”) é coberto pela palha, mas esta, por sua vez, é envolta em tecido vermelho. Não se trata de uma simples falha ou ausência de algo.
- O “Mito” da Palha Total no Brasil: A ideia de que Obaluaiyê usa apenas a palha, sem o tecido vermelho por baixo, é uma adaptação ou um equívoco no Brasil. A palha serve como um escudo e proteção, mas o vermelho é parte integrante de sua vestimenta original, conectando-o a outros Orixás de energia semelhante.
- A Camuflagem do Orixá: A palha é vista como uma forma de “camuflar” a energia do Orixá, permitindo que ele “entre” onde a energia não o deixaria entrar diretamente. No entanto, na iniciação e consagração, o vermelho é essencial.
4. O Culto e a Necessidade do Conhecimento Profundo e Genuíno


A live reitera a crítica à superficialidade e à falta de preparo no culto aos Orixás, e a importância de buscar fontes legítimas de conhecimento.
- Crítica à Superficialidade na Avaliação de Trabalhos: O Mestre Marcelo Alban critica o uso de tarô e baralho cigano para avaliar trabalhos complexos de Orixá, afirmando que essas ferramentas não são adequadas para discernir entidades como Exu e Pombagira, nem para a profundidade de um trabalho de Quimbanda ou Orixá.
- Diferenças Culturais na Incorporação: Uma questão fundamental abordada pelo Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde é por que os Orixás como Obaluaiyê não “incorporam” no Brasil da mesma forma que na Nigéria. Ele explica que isso se deve a uma dificuldade cultural e à falta de materiais e rituais feitos da forma correta no Brasil. O culto genuíno exige um profundo conhecimento e uma prática que nem sempre é mantida aqui.
- A Importância do Conhecimento Legítimo: Mexer com Orixá sem o devido conhecimento é perigoso. O Mestre Marcelo Alban adverte: “Se você não sabe tratar na Umbanda, se não sabe no Candomblé, não deve interferir. Pois, ao invés de buscar o conhecimento adequado, muitos acabam atribuindo problemas ao Orixá, como se a divindade africana não compreendesse as realidades ou intenções no Brasil.”
- O Papel da “Família de Axé”: A busca pelo conhecimento deve ser feita em um ambiente de “família”, onde há responsabilidade e orientação de pessoas com sabedoria e ética.
- O Ifá e o Ekin (Búzios) na Consulta: O Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde esclarece que, na cultura Yorubá, o Ekin (búzios) é usado para ver o Orixá da pessoa em um ritual específico, não em uma consulta casual ou superficial. Isso demonstra a complexidade e a sacralidade da adivinhação.
5. Perguntas e Respostas Chave com Oluwo (Dr.) Fasola Faniyi Babatunde

P: Qual é a melhor forma de cultuar Obaluaiyê no Brasil sem perder a essência africana?
- R: O culto no Brasil pode ser diferente do da Nigéria em alguns aspectos, mas a essência do respeito e o conhecimento profundo dos rituais e da divindade são cruciais. É preciso buscar a autenticidade e a orientação de quem realmente detém o conhecimento.
- P: Obaluaiyê realmente não usa palha na cultura Yorubá e por que foi criado esse mito?
- R: Sim, ele usa a palha, mas ela é coberta com pano vermelho. O mito da palha total no Brasil surgiu por adaptações e falta de conhecimento aprofundado, onde as pessoas fazem “o que acham que faz”.
- P: Por que Orixás como Obaluaiyê não são incorporados no Brasil como na Nigéria?
- R: Existe uma dificuldade cultural e a falta de materiais e rituais feitos da forma correta no Brasil. O culto na Nigéria tem suas particularidades e fundamentos que nem sempre são replicados aqui.
- P: Pessoas iniciadas em Obaluaiyê podem jogar búzios?
- R: Sim, mas é necessário ter conhecimento de outros métodos de jogo e expandir o leque de oráculos, pois cada Orixá tem seu oráculo específico e o conhecimento deve ser amplo.
Conclusão: Honrando a Ancestralidade e Buscando a Verdade
O estudo do Orixá Obaluaiyê, conforme desvendado por Mestre Marcelo Alban e Aragba(Dr.) Fasola Faniyi Babatunde, revela a complexidade e a riqueza de um culto que exige respeito, conhecimento profundo e fidelidade à sua essência africana. Que este artigo sirva como um guia valioso para todos que buscam entender e honrar Obaluaiyê e, por extensão, a profundidade das religiões de matriz africana. A busca pelo conhecimento verdadeiro é o caminho para a dignidade
CONFIRA A LIVE COMPLETA https://www.youtube.com/live/0NCPMJCVSj0?si=YE_LL6guiam9IlKH
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