A Verdadeira Expressão da Força Feminina

Meus amigos e minhas amigas, com grande prazer e satisfação, eu me encontro aqui com vocês para falar de uma entidade que é tão amada, tão cultuada, mas muitas vezes tão mal interpretada: a Pombagira. Quando falamos dessas guardiãs, as pessoas logo imaginam uma mulher de estrada, uma dama da sociedade, uma figura de rua. Mas eu digo a vocês, ela é muito mais do que isso.
A Pombogira é uma expressão de Deus sobre a Terra. Ela é uma entidade sagrada, uma verdadeira mestra. Em sua origem, dentro do Candomblé e da Umbanda, ela é o Exu fêmea de tradição banto, que não tem a mesma função de outras entidades, pois possui um culto próprio, um linguajar próprio, um jeito de ser, de cantar e de falar que a diferencia. Ela tem uma personalidade sagrada e uma força de grandeza que nos leva ao desenvolvimento e à evolução espiritual.
A Pombagira traz à tona as nossas fantasias mais escondidas e desperta no homem a necessidade de embarcar em grandes aventuras, de buscar a força para transmutar energias espirituais para o nosso dia a dia. Ela nos mostra a nossa verdadeira natureza e a nossa consciência mais profunda.
O Culto Sagrado e a Magia do Conhecimento

É fundamental que compreendam que o verdadeiro culto à Pombogira é o respeito. Não se enganem com as fantasias que vemos por aí. É preciso entender a tradição africana de ofertar, de fazer essa troca de favores com as entidades, como fazemos com os santos católicos. É um ato de amor e de gratidão.
Eu vejo muitos médiuns, por ingenuidade ou por falta de conhecimento, vestindo a entidade de forma vulgar. Eu insisto: a Pombogira é uma entidade de moral e civilização. Ela pode ter o seu jeito de falar, de agir, mas isso é da sua personalidade. A vestimenta dela deve refletir dignidade e respeito. Ela pode usar um torço, um lenço, uma flor, mas nunca uma roupa que desrespeite o sagrado. A Pombogira pode usar até uma coroa ou chapéu, mas jamais devemos compará-la ou moralizá-la como se fosse apenas a parte feminina de Exu.
O assentamento dela também precisa ser feito com conhecimento. Cada Pombogira tem suas necessidades. Ela pode ser assentada numa panela de barro de Najá, num alguidar, numa panela de cobre ou num caldeirão. Tudo depende do axé que ela traz e do que ela necessita para trabalhar.
A Ciência por Trás da Magia
A Pombagira é uma entidade ligada à ciência e à magia. A sua energia se conecta a elementos do universo que muitos desconhecem. Ela se encanta com a magia europeia e com as energias ciganas, e por isso, para cultuá-la de verdade, precisamos saber:

- Signos e Elementos: Quando eu falo de signo, não me refiro ao signo astrológico, mas ao signo cabalístico que codifica a energia dela. Precisamos saber a qual elemento ela está ligada (fogo, terra, etc.), o ponto cardeal de onde ela vem, qual o Guardião superior e inferior que está ao lado dela.
- Símbolos e Correspondências: Cada Pombogira tem seus números, suas pedras, seus animais, suas flores e suas ervas. A essência, o perfume, que a agrada, e a sua voz, se é grave ou suave, são detalhes que encantam a entidade e fazem o médium ter maior firmeza. Eu dei o exemplo da minha Maria Mulambo: ela é regida por Mercúrio, tem ligação com Oyá e Ibeji, e sua pedra preciosa é a Ágata.
Não caia na besteira de achar que todas as Pombogiras usam apenas preto e vermelho. Existem Pombogiras que usam alaranjado, dourado e até branco. Cada uma tem suas cores, e saber isso é fundamental.
Rituais e Sabedoria: O Caminho para a Sorte

Muitos me perguntam sobre oferendas e magias para problemas específicos. A Pombagira atua em todas as áreas da vida: na saúde, nas finanças, no amor. Ela está ligada à evolução do ser humano em todos os aspectos. Por isso, a gente não pode ter medo de pedir a ela por ajuda.
A sua Pombagira pode falar o nome de Oxalá. Tem até cantiga que diz que Pombogira é filha de Oxalá. Não se prendam a essa mistificação descontrolada que diz que Pombogira é “do lado negro”. A Pombogira é o aspecto mais humano dos Orixás, e é ela quem nos traz o conhecimento de quem nós somos.
Para cultuar a Pombogira de forma verdadeira, você precisa buscar a consciência de quem essa entidade é. Não a transforme em um modelo de carnaval ou em um personagem de novela. Honre a sua essência, e ela irá honrar a sua vida.
A sua espiritualidade está nas suas mãos. Conheça e cultue a Pombogira de forma consciente para que ela possa te ajudar a trilhar um caminho de prosperidade e axé!
Encantamentos e Ensinamentos para o Seu Axé
Para que você possa colocar o conhecimento em prática, compartilho aqui alguns rituais e oferendas que são de grande valia e que podem ajudar a equilibrar sua vida.
Banho de Encanto (Para Todas as Pombagiras)
- Para que serve: Abrir caminhos, trazer positividade, prosperidade e harmonia.
- Ingredientes: Sete rosas amarelas, um champanhe rosê, sete cravos-da-índia, sete folhas de louro, sete moedas, um punhado de erva-doce, açúcar mascavo e um pouco do seu perfume.
- Como fazer: Cozinhe todos os ingredientes em uma panela de ferro. Após a mistura esfriar, coe e use a água do pescoço para baixo.
Oferenda para Cortar Inveja e Olho Gordo
- Para que serve: Proteger contra energias negativas e afastar espíritos obsessores.
- Ingredientes: Fubá, sete gemas de ovos, azeite de dendê e sal.
- Como fazer: Misture os ingredientes até formar uma farofa. Coloque-a em um alguidar e posicione-o na porta de sua casa.
Oferenda para Prosperidade
- Para que serve: Atrair fartura e boas energias para a sua vida financeira.
- Ingredientes: Sete figos da Índia, sete pêssegos, uma farofa feita com sete tipos de cereais, champanhe e mel.
- Como fazer: Abra os figos e os pêssegos ao meio e coloque uma moeda dentro de cada fruta. Coloque as frutas arrumadas sobre a farofa em um alguidar. Posicione-o na porta do seu estabelecimento ou atrás da porta de sua casa para chamar a prosperidade.
Oferenda para Maria Padilha das Almas
- Para que serve: Agradar e pedir auxílio a essa grande guardiã.
- Ingredientes: Um cesto com doces, frutas, rosas brancas, uma farofa de mel com coco ralado, nove pães, uma garrafa de água, velas branca, vermelha e preta e branca.
- Como fazer: Leve a oferenda a uma igreja que tenha praça ou encruzilhada na frente.
Oferenda para Pombogira da Praia
- Para que serve: Agradar essa entidade, conhecida por ser milindrosa, e pedir sua proteção.
- Ingredientes: Um pedaço de peixe cação frito no azeite de dendê, uma farofa com farinha de mandioca, arroz cru, açúcar cristal, água e vinho branco, pétalas de rosa coral, um champanhe rosê e um champanhe branco.
- Como fazer: Coloque a oferenda em um alguidar e deixe de frente para o mar, em uma encruzilhada que dê acesso à praia.
Pombogira: O Nosso Sagrado no Cotidiano

Para nós que vivemos a religião, a Pombogira não é um “mistério” de filmes ou histórias populares. Ela é a nossa guardiã. A Pombogira é a energia feminina que caminha ao nosso lado, uma força divina que se manifesta para nos dar equilíbrio e consciência em nossa jornada. Ela é a manifestação do sagrado na nossa vida real, em nossa busca por prosperidade, saúde e amor.
O verdadeiro culto não está nos rituais complicados, mas no conhecimento e no respeito. O mais importante que podemos fazer por nossas entidades é nos dedicarmos a entender sua essência, a qual Orixá elas estão ligadas e como elas preferem ser cultuadas. Essa busca por conhecimento é a maior oferenda que podemos dar, pois ela mostra que valorizamos a nossa Pombogira e a nossa fé.
Nossa Pombogira nos ensina a ter dignidade e a não cair nas ilusões. Ela nos guia para que não busquemos soluções fáceis em lugares errados, que roubam o nosso axé e a nossa energia. O caminho que ela nos mostra é o da verdade. O assentamento, a roupa, as cores, as ervas e os banhos são a nossa forma de demonstrar carinho e devoção, mas eles só funcionam se feitos com o coração e com o conhecimento de quem somos nós na espiritualidade.
O nosso caminho com a Pombagira é o da evolução. É um caminho de responsabilidade, de estudo e de amor. Ela nos ajuda a curar nossas feridas, a enfrentar nossas batalhas e a celebrar nossas vitórias. Ela é a nossa comadre, nossa parceira, nossa guia. E a maior lição que ela nos dá é que a verdadeira magia está em nós mesmos, em nossa capacidade de nos conectarmos com o sagrado que vive dentro de nós.
- A Pombogira como uma Entidade Sagrada: Ela é uma manifestação divina, um guia de luz e evolução, e não deve ser associada a coisas negativas ou vulgares.
- O Culto do Conhecimento: A fé sem estudo é perigosa. É essencial buscar a origem da Pombogira, suas cores, suas ervas e seus orixás regentes para cultuá-la de forma correta e eficaz.
- A Sinceridade da Oferenda: O valor de um assentamento ou de uma oferenda está na intenção e no conhecimento por trás dela. O respeito às tradições e a preparação correta são mais importantes do que o material em si.
- A Conexão com o Axé Pessoal: A Pombogira está ligada ao nosso ser mais profundo, ao nosso axé. Cuidar do nosso espírito é cuidar da nossa entidade.
- A Busca pela Orientação Sacerdotal: A figura do sacerdote é vital. É um guia para evitar erros e para garantir que o culto seja feito de forma segura e dentro da tradição.
Conclusão
A jornada com a Pombogira é um caminho de aprendizado contínuo. Ela nos ensina a olhar para dentro, a reconhecer a nossa força e a não temer o que a vida nos apresenta. Acima de tudo, a lição mais valiosa é que a verdadeira magia não se compra, não se negocia e não se encontra em atalhos. Ela se constrói com a dedicação, o estudo e o respeito profundo que temos pelo nosso sagrado. A Pombogira é um farol que ilumina a nossa busca pelo crescimento, e cabe a nós mantermos a chama do conhecimento acesa em nossos corações.
A sua espiritualidade está nas suas mãos. Conheça e cultue a Pombogira de forma consciente para que ela possa te ajudar a trilhar um caminho de prosperidade e axé!
Diálogo no Raízes do Culto: A Doutrina da Pombogira
Vanessa: Mestre, o senhor fala muito sobre a energia da Pombogira estar ligada ao nosso nascimento. Poderia nos explicar melhor o que é esse “signo de representação” e como podemos descobri-lo?
Mestre Marcelo Alban: Essa é uma pergunta excelente, minha filha. O signo de representação não é o signo do horóscopo, não se enganem. É a codificação da energia espiritual da Pombogira em nossa vida. Pense nela como um selo energético, uma frequência que já te acompanha. Essa força define a sua forma de agir e de trabalhar. Para descobrir, você precisa de um oráculo sério, de um jogo de búzios ou de um tarô feito por um sacerdote com conhecimento. Através desse oráculo, podemos entender a qual Orixá ela está ligada, qual o seu elemento, o seu número, sua pedra e até sua voz. Esse conhecimento nos dá a chave para cultuá-la de forma precisa, sem misturar as linhas, e para que ela se desenvolva cada vez mais em você.
Renan: Mestre, o senhor mencionou a importância de cultuarmos a Pombogira e o Orixá de origem dela. Como fazemos para agradar os dois lados sem cometer erros?
Mestre Marcelo Alban: Quando você agrada a sua Pombogira, você está, de certa forma, agradando a energia que a gerou. Mas quando você descobre o Orixá de origem dela, você pode fazer uma oferenda específica para ele, mostrando ainda mais respeito e conhecimento. Por exemplo, se a sua Maria Padilha caminha com Iemanjá, você pode levar uma oferenda para ela na praia ou na encruzilhada que dá para o mar. Ao fazer isso, você está honrando a força que a sustenta, e isso fortalece não só a sua entidade, mas também o seu próprio axé. É uma forma de dizer: “Eu te conheço por completo, eu respeito a sua origem”. Isso cria uma conexão mais profunda e aumenta a positividade para a sua vida.
Olavo: Mestre, o senhor falou que Pombogira reconhece o local, mesmo em apartamentos. Qual é a lógica por trás disso, já que muitas entidades precisam de terra?
Mestre Marcelo Alban: Essa é a grande diferença e a grande beleza da Pombogira. A Pombogira é o aspecto mais humano, mais próximo de nós. Ela já está acostumada com o nosso cotidiano. Não tem essa frescura, como eu costumo dizer, de só poder ser cultuada na terra. Ela entende a nossa realidade, a nossa necessidade. Se você mora em um apartamento e quer ter sua Pombogira ali, ela reconhece e aceita. O assentamento em um vaso de barro, ou até mesmo uma estátua de gesso, se torna um ponto de força, um catalisador de energia. O importante é a sua intenção, a sua consagração e o seu conhecimento, e não o tipo de piso ou o ambiente. Onde você a chama com respeito, ela se faz presente.
Olavo: E qual é o maior risco de fazer as coisas de forma errada, sem buscar esse conhecimento que o senhor tanto nos ensina?
Mestre Marcelo Alban: O maior risco, meu filho, é a perda do seu axé. As pessoas buscam respostas mágicas para problemas sérios e acabam em armadilhas. Quando você faz uma oferenda errada, com ingredientes que não correspondem à sua Pombogira, ou segue orientações sem fundamento, você está desrespeitando o sagrado. A entidade, por sua vez, pode não se manifestar ou, pior, você pode atrair uma energia negativa para a sua vida sem saber como se livrar dela. A frustração, a raiva e a decepção enfraquecem a sua energia pessoal. Eu insisto no conhecimento porque ele é a sua proteção. Ele é a ferramenta que te dá autonomia e discernimento para não cair em enganos. O culto é um caminho de disciplina, e a disciplina só vem com o estudo e a dedicação. Por isso, busquem a fonte, busquem um sacerdote sério, para que sua jornada espiritual seja de luz e crescimento.
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