O incêndio e o desabamento
Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, 1º. Um edifício vizinho também pegou fogo nos três primeiros andares, mas não corre risco de colapso. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e teve 90% de sua estrutura destruída.
O prédio era uma antiga instalação da Polícia Federal e depois foi ocupado por imigrantes e brasileiros. Não se sabe ainda quantas pessoas estavam no local enquanto as chamas tomavam conta do edifício.

Como começou o incêndio?
Relatos de moradores indicam que o fogo teve início no 5.º andar, por volta de 1h30, desta terça-feira, 1º, quando se ouviu um estrondo e o prédio teria sofrido um abalo. O desabamento do prédio ocorreu às 2h50. Agora pela manhã, o secretario da Segurança Pública, Mágino Alves, afirmou que o incêndio pode ter sido causado por um acidente doméstico, como explosão de uma panela de pressão ou botijão de gás.

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Número de mortos e feridos
Ainda não há confirmação sobre número de mortos, mas os bombeiros afirmam que pelo menos uma pessoa está oficialmente desaparecida, um homem identificado como Ricardo, que chegou a passar pelo processo de resgate, o qual foi interrompido no desabamento. A corporação informa que 49 pessoas estão desaparecidas.

O que se sabe sobre incêndio que derrubou prédio no centro de SP: Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paiçandu em SP© Amanda Perobelli/Estadão Edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paiçandu em SP

Quantas pessoas viviam no local? 
Ao menos 317 pessoas viviam irregularmente no imóvel que desabou no Largo do Paiçandu, segundo a Assistência Social da Prefeitura. A Prefeitura estima que, desse total, 25% eram de famílias estrangeiras. Os bombeiros informaram que o prédio havia sido vistoriado em 2015, quando foram relatadas as péssimas condições do local às autoridades do Município.

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Buscas sob os escombros 
Segundo o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a corporação está seguindo protocolos internacionais e visando à segurança ao evitar entrar na estrutura neste momento. “Não podemos entrar agora sob risco de sofrer algum acidente. Estamos resfriando e retirando o entulho do entorno para notar como a estrutura se comporta e poder agir na sequência”, disse o capitão.
Equipes só vão iniciar a retirada dos escombros com escavadeiras após 48 horas, quando as chances de encontrar um sobrevivente são praticamente nulas.

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Trabalho na região
A previsão do Corpo de Bombeiros é que o trabalho na região se prolongue por ao menos mais uma semana.

Auxílio às vítimas
O governo do Estado ofereceu auxilio aluguel às vítimas – o valor é de R$ 1,2 mil no primeiro mês e de R$ 400 nos próximos 11 meses. E a prefeitura ofereceu vagas em abrigos, mas os desabrigados se recusam a sair da praça que fica em frente ao prédio que desabou

Vistorias em prédios ocupados na região
Após incidente, a Prefeitura de São Paulo anunciou vistorias em 70 prédios ocupados na capital para avaliar eventuais riscos estruturais e de incêndio.

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Possível motivo para o desabamento
Segundo o engenheiro civil Flávio Figueiredo, será necessário analisar o projeto estrutural do edifício para entender como aconteceu o desabamento. “Foi uma sorte muito grande ter caído daquele jeito. Dependendo de onde perdesse a sustentação, poderia ter sido pior: poderia ter enfraquecido de um único lado e ter tombado inclinado”, explica o conselheiro do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.
Ele aponta que um dos possíveis motivos para o desabamento foi o fogo ter se alastrado pelos andares inferiores, em vez de ter um foco concentrado. A retirada dos elevadores – que criou dutos de ar no fosso – também pode ter ajudado a criar uma “chaminé”. A perícia oficial será possível somente após o fim dos trabalhos de resgate.

Histórico do prédio Wilton Paes de Almeida
O Edifício foi projetado pelo arquiteto Roger Zmekhol, construído em 1961 e tombado em 1992. Foi sede da Polícia Federal em São Paulo e um posto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), até ser repassado pela Caixa Econômica Federal à União. Um conflito sobre pagamento de taxas, no entanto, levou o caso à Justiça. Ou seja, o edifício é da União, mas está em nome da Caixa. Em julho de 2014, a União conseguiu fazer a reintegração de posse, mas o imóvel foi novamente invadido cerca de dois meses depois, quando já havia sido cedido à Prefeitura de São Paulo.
Em 2014, o Município chegou a desistir de um convênio formal, que acabou sendo retomado no ano passado. Neste momento, o prédio se encontrava em negociação para ser transferido oficialmente à Prefeitura. Seria reformado e transformado em repartições públicas, recebendo órgãos que hoje funcionam em imóveis alugados. A gestão municipal afirmou ter feito, apenas em 2018, seis reuniões para negociar a desocupação da área de forma pacífica. Havia 17 anos que o edifício não era usado oficialmente.

 

Segurança do Edifício
Um laudo enviado pela Prefeitura para o Ministério Público, em 2016, aferia que o local não tinha riscos estruturais, o que acabou sendo determinante para o Ministério Público arquivar uma investigação aberta em 2015 sobre a segurança do local. O inquérito foi reaberto nesta terça. Indagado, o secretário da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues, afirmou que o fogo, por si, poderia alterar condições estruturais.

Vídeo: O antes e depois do prédio que desabou em SP (Via BBC Brasil)

 
O antes e depois do prédio que desabou em SP
Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/o-que-se-sabe-sobre-inc%C3%AAndio-que-derrubou-pr%C3%A9dio-no-centro-de-sp/ar-AAwDLl3?li=AAggXC1&ocid=mailsignout

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